terça-feira, 21 de junho de 2011

A solidariedade para com os haitianos no Brasil

- Breve relato de Ação Pastoral em Manaus (AM) -

                                                                                       Ir. Rosa Maria Zanchin, mscs
Ir. Rosita Milesi, mscs
SPM/AM e IMDH/Rede Solidária para Migrantes e Refugiados

A Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Manaus (AM) partilha este breve relato sobre a ação solidária que vem desenvolvendo junto aos imigrantes haitianos, em Manaus e em articulação e apoio com outras localidades e organizações envolvidas nesta causa.
A Pastoral dos Migrantes é coordenada pelas Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo – Scalabrinianas - e Padres Sacalabrinianos, que exercem a missão de acolher, orientar e promover a inserção social, segundo a proposta das Diretrizes da ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, em favor dos migrantes.

Contextualização

Após a tragédia de 12 de janeiro de 2010, quando um terremoto devastou parte do Haiti, milhares de haitianos abandonaram o seu país e passaram a “trilhar longos caminhos” em busca de oportunidades e melhores condições de vida. Reunindo suas parcas economias os haitianos procuram todos os meios para sair da ilha, do seu lar. Através de barcos e outros meios, seguem em direção à vizinha República Dominicana e de lá se espalham pelo mundo, inclusive para o Brasil, onde chegam após haver passado pelo Equador, Colômbia, Peru ou mesmo por outros caminhos mais curtos.
A maioria entra no Brasil, por Brasiléia (Acre) e, principalmente, por Tabatinga-AM, que está a 1.105 quilômetros de Manaus. De lá chegam de barco à capital do estado do Amazonas. Em Tabatinga, aguardam por semanas ou meses, para serem entrevistados pela Polícia Federal e receberem um protocolo que lhes permite viver regularmente no País enquanto aguardam a decisão do pedido de refúgio por parte das autoridades competentes.
Nos primeiros meses de 2010, chegavam em pequenos grupos de  8 ou 12 pessoas. Em julho do mesmo ano o total de acolhidos em Manaus chegou a 140 pessoas. Já no segundo semestre de 2010, o número foi crescendo e chegou a um total de 380 pessoas recebidas pela Pastoral dos Migrantes da Arquidiocese. Destes, 137 pessoas seguiram viagem, em pequenos grupos, para outros estados brasileiros e inclusive para outros países, principalmente para a Guiana Francesa.
Neste ano de 2011, de janeiro a junho, chegaram a Manaus mais de 830 haitianos, que, somado aos 380 do ano anterior, totalizam 1.180 pessoas. A maioria continua em Manaus ou em localidades da região. Cerca de 780 obtiveram emprego, muitos reúnem condições suficientes para alugarem um quarto, manter-se e alguns já conseguem enviar pequenos apoios para os familiares que residem no Haiti.
A maioria deles, além da dificuldade na qualificação profissional encontra também a barreira da língua, pois falam o Francês (poucos) ou o Crioulo (a maioria). O maior número é de homens, jovens. As mulheres são em número menor, 80 pessoas. Desde junho de 2010 já nasceram seis bebês brasileiros.

A Solidariedade e suas expressões concretas

Quando os primeiros grupos de imigrantes haitianos chegaram à cidade de Manaus, a Pastoral dos Migrantes conseguiu acolhê-los na Casa de Acolhida da Pastoral dos Migrantes e na casa da missão Scalabriniana. Porém, com o passar do tempo e o crescimento do fluxo, o lugar ficou pequeno para tanta gente. A coordenação da Pastoral resolveu pedir socorro às paróquias e casas religiosas da Arquidiocese de Manaus. Também foi feito um apelo à população de Manaus, órgãos públicos, entidades e instituições a darem sua colaboração, pois a necessidade já não se restringia a alguns casos, mas tratava-se de um verdadeiro apelo humanitário e também jurídico, uma vez que se fazia necessário ajudá-los na documentação e na agilização dos processos de regularização migratória. Neste aspecto, temos contato sempre com a ajuda e apoio do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), de Brasília.
Em 2010, em um primeiro momento, estes imigrantes foram hospedados em paróquias e casas religiosas, especificamente: Centro Social e Casa de acolhida São Geraldo, Casa de Acolhida Pastoral dos Migrantes ( Monte das Oliveiras), Salão paroquial da Igreja São Raimundo, Salão Paroquial da Igreja Santa Cruz, casa da Igreja são Sebastião, Casa de Retiro dos Frades Franciscanos e Fraternidade dos Frades Franciscanos). Ali foram abrigadas mais de 600 pessoas, durante todo o tempo necessário, até conseguirmos alugar outros espaços.
Como em 2011 o número de haitianos cresceu enormemente, a Pastoral dos Migrantes recorreu novamente às paróquias e institutos religiosos católicos para, além de acolher, também ajudar a alugar novos espaços. Assim, foram alugadas pelas paróquias ou cedidas por pessoas físicas (colaboradores), 3 casas - Paróquia São Sebastião, Paróquia  São Jorge e casa emprestada pela Srª Edi; e alugadas 5 casas, nos bairros: Petrópolis, Matinha, Monte das  Oliveiras, Betânia, São Sebastião, Centro e Dom Pedro. O aluguel foi assumido integralmente com a ajuda financeira das paróquias e congregações religiosas. O valor investido só nestes aluguéis ultrapassou os R$ 21.000,00 nos primeiros meses de 2011.
            A Casa do Migrante Jacamim, mantida pelo Governo do Estado, abrigou, temporariamente, durante ano de 2010, conforme consta em seus arquivos, 98 pessoas. Já em 2011, não abrigou haitianos, pois a casa esteve a serviço da acolhida a migrantes internos.
            A Acolhida, porém, não se limita somente a prover um lugar para abrigar os imigrantes. Foi preciso equipar as casas e alojamentos com o mínimo necessário para a vida diária, alimentação e pouso. A Pastoral dos Migrantes adquiriu, então, eletrodomésticos de primeira necessidade, colchões, roupas. Para isto, buscou ajuda nas instituições que dão suporte à Pastoral, principalmente nas Congregações Scalabrinianas, feminina e masculina. Já a Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania (SEAS) colaborou na assistência aos haitianos durante o ano de 2010, ao enviar às paróquias, doação de 187 colchões, 04 beliches, 67 cestas básicas e um lote de peixes e outros alimentos perecíveis.
Outro desafio importante para a manutenção dos imigrantes haitianos durante o ano de 2011 foi com a alimentação. A Pastoral dos Migrantes recebeu doações ou comprou, aproximadamente, 56 toneladas de alimentos. Registra também a generosidade da comunidade e de comerciantes locais que se sensibilizaram com a causa e tem colaborado na assistência emergencial prestada a estes imigrantes, ávidos de encontrar trabalho para poderem se sustentar e também ajudar suas famílias necessitadas, no Haiti.

Estímulo e caminhos de integração dos Imigrantes

O trabalho da Pastoral, junto aos imigrantes haitianos, baseia-se na acolhida provisória (normalmente por 2 ou 3 meses) em casas ou alojamentos, aprendizagem do idioma, documentação, encaminhamento para empregos e ajuda para que alcancem sua autonomia, ainda que com grandes limitações e dificuldades.
Com o objetivo de inserir os imigrantes haitianos na sociedade local e no mercado de trabalho, a Pastoral dos Migrantes promove continuamente atividades de sensibilização da sociedade manauara para que, com generosidade, faça doações de alimentos, artigos de uso doméstico, fogões, colchões, camas e outros. Promove atividades de integração comunitária com as Universidades, com a Cáritas Arquidiocesana, com as Pastorais Sociais, com grupos locais, com organizações e movimentos sociais, voltados à promoção da cidadania, no respeito à diversidade de costumes e culturas. Também trabalha com os haitianos para a adaptação à nova cultura, à nova realidade, aos costumes locais, à alimentação, oferecendo, inclusive, capacitação na culinária regional, mesclada com a culinária haitiana. Oferece oficinas de capacitação e comércio de produtos alternativos, tais como: artesanato típico; produtos feitos com materiais recicláveis; incentivo à formação de cooperativas e outras formas de autogerenciamento.
            Apesar de a grande maioria dos imigrantes haitianos não possuírem uma qualificação profissional para conseguirem um bom trabalho e salário, os empresários locais foram solidários com este povo sofrido e disponibilizaram muitos postos de trabalho. Cerca de 90% dos haitianos já possuem o seu primeiro emprego, documentados, com Carteira de Trabalho ainda que provisória, enquanto aguardam a decisão de sua regularização migratória no País.
            Os espaços de emprego nos quais os haitianos estão trabalhando são: construção civil, supermercados, cabeleireiros, vidraçarias, gráficas, restaurantes, madeireiras, carga e descarga (porto), professores, hotelaria, serviços domésticos, entre outros.
            Nesta ação e na busca de apoios, foi muito oportuna a visita, no dia 22 de março, de uma comitiva integrada pelo Ministério do Trabalho, Conselho Nacional de Imigração (CNIg), Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Ministério da Saúde e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), articulador da Rede Solidária para Migrantes e Refugiados. A ocasião possibilitou um valioso debate, bem como esclarecimentos importantes sobre a responsabilidade dos órgãos públicos e o importante papel da sociedade civil nesta ação que deve ser sempre conjugada e apoiada por todos os atores, em seus respectivos âmbitos de responsabilidade.
            Para a preparação e formação dos imigrantes haitianos foram feitas parcerias e assumidos compromissos de capacitação profissional e aulas de português para estrangeiros, através das Secretarias e dos Órgãos governamentais e do empresariado, tais como: SEDUC – Secretaria Estadual da Educação, ensino de Português; CETAM – Centro de Educação Tecnológica do Amazonas, a realização de cursos profissionalizantes e de geração de renda, como informática, pedreiro, corte e costura; Superintendência do Ministério do Trabalho – para obtenção da CTPS, a qual favorece a colocação no mercado do trabalho; SENAI - para formação de mão-de-obra na construção civil;
Em vários locais foram organizados cursos de português para haitianos, em lugares diversos como: Colégio Preciosíssimo Sangue e Paróquia São Geraldo; Nova República (Japiin); Dom Pedro; Paróquia São Sebastião; Paróquia São Raimundo; Conjunto Manôa, e Matinha.
Esperamos que a solidariedade brasileira venha também de outras localidades, principalmente oferecendo postos de trabalho, com apoio para o translado e moradia temporária, o que muito poderá favorecer e facilitar a efetiva acolhida e integração deste povo que vêm muito disposto a trabalhar, reconstruir sua vida e poder ajudar os familiares que padecem todo o tipo de necessidades em seu país de origem, o Haiti.

SPMSERVIÇO PASTORAL DOS MIGRANTES
Arquidiocese de Manaus - AM
Fone: (92) 3232 7257 E-mail: spmmanaus@yahoo.com.br
“Eu era Migrante e você me acolheu” (MT 25, 35).

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Declaração repúdio


CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz
Declaração de repúdio ao assassinato do casal de extrativistas
no Estado do Pará

Como a terra faz desabrochar suas sementes, Deus fará germinar a justiça diante de todas as nações’ (cf. Isaias, 61,11).

A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz - CNBB se une às inúmeras manifestações de repúdio ao brutal assassinato do casal Maria do Espírito Santo da Silva e José Cláudio Ribeiro da Silva, líderes camponeses, ocorrido na manhã desta terça-feira, 24 de maio, em Nova Ipixuna, sudeste do Pará.

Conhecido por sua liderança no projeto de assentamento agroextrativista Praialta-Piranheira, criado em 1997, e na associação de camponeses da região, o casal ganhou o respeito e a admiração de todos na região por sua bravura na denúncia da ação de madeireiros ilegais na floresta amazônica.

A declaração feita, em novembro de 2010, diante de mais de 400 pensadores de diversas áreas do conhecimento sob o tema da qualidade de vida no planeta, nos dá uma dimensão da luta e do comprometimento de José Cláudio com a ecologia:

Vivo da floresta, protejo ela de todo jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora porque eu vou pra cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo pra serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida pra mim que vivo na floresta e pra vocês também, que vivem nos centros urbanos.

O assassinato de Maria e José Cláudio, com repercussão internacional, traz à memória Chico Mendes e Ir. Dorothy, vítimas do mesmo poder econômico que avança sobre as florestas. A violência que mata estas lideranças em nosso país, evidencia a urgência de um modelo de desenvolvimento que respeite e promova a riqueza das culturas tradicionais na proteção, convivência e produtividade dos povos da floresta. Este pensamento foi expresso pela CNBB ao afirmar que:
Organizar um processo produtivo que efetive a solidariedade e harmonize as sociedades atuais com as gerações futuras e com o meio ambiente é o desafio de um novo paradigma para a questão agrária no início do século XXI”. (cf. Doc. 99, Estudos da CNBB, nº 235-236).

Em nome das Pastorais Sociais e dos Organismos a ela vinculados, a Comissão Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz - CNBB manifesta sua solidariedade às comunidades da diocese de Marabá, ao povo de Nova Ipixuna e aos familiares do casal Maria e José Cláudio. Exige, ao mesmo tempo, a apuração imediata dos crimes com a consequente punição dos culpados, bem como a proteção a todas as lideranças camponesas ameaçadas de morte, para que floresça a justiça em nosso país.
Brasília, DF, 26 de maio de 2011.


Dom Guilherme Antônio Werlang MSF

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral
para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Semana do migrante 2011 em Porto Velho

Programação da semana dos migrantes em Porto Velho. Veja abaixo:


Semana do migrante 2011 em Ji-Paraná

Programação da 26ª Semana do Migrante, que acontecerá de 12 a 19 de junho em todas as comunidades de base da Igreja Particular de Ji-Paraná.
Quem é de Ji-Paraná, vamos acompanhar as atividades que serão realizadas conforme a programação. (A abertura será no dia 12 de junho com celebração na Com. São Sebastião, às 20h.)
Quem é de outro município, procure na sua Paróquia o material que fora enviado com roteiro para celebrações, texto base, círculos bíblicos, cartaz... ou entre em contato com as Irmãs Scalabrinianas da Paróquia São Sebastião pelo fone (69) 3416 4219.


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Migrantes haitianos no Amazonas

Uma reportagem de Gláuria Sobreira



MANAUS – Após presenciar a tragédia do terremoto, em Porto Príncipe, no dia 12 de janeiro do ano passado, milhares de haitianos resolveram tentar a sorte em outros países. Em Manaus , 470 deles recebem abrigo da Pastoral dos Migrantes da Igreja Católica. Os imigrantes, que não falam português, tentam se adaptar ao exílio forçado, já que não encontraram mais expectativas de vida no Haiti.

O país, considerado uma das nações mais pobres do mundo, ainda vive o flagelo do desemprego e da falta de perspectiva, não só pela destruição deixada pelo terremoto, como também pela instabilidade política dos últimos anos.

Veja a reportagem na íntegra aqui.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Coletivo de Formação em Ji-Paraná

Neste domingo dia 10 de abril, aconteceu na Paróquia São Sebastião o Coletivo de formação da Pastoral dos Migrantes da diocese de Ji-paraná, cujo tema tratado foi, “Nós e o planeta...Uma história”, na ótica das migrações e meio ambiente, conforme nos propõe a campanha da fraternidade de 2011, Fraternidade e vida no planeta e cujo tema da semana do migrante de 2011 será, Migrações e mudanças climáticas, o que temos a ver com isso?
O coletivo de formação foi assessorado pela professora Lediane Fani Felzke do Instituto Federal de Rondônia, apontando-nos nesse estudo, as primeiras idéias de preservação e a relação do homem com o meio, até chegar aos povos tradicionais, pois homem e natureza não são coisas separadas, é parte da mesma essência.
Na década de 80 com a Comissão das Nações Unidas para o desenvolvimento e Meio Ambiente, através do tripé: social, econômico e ecológico surge o conceito de desenvolvimento sustentável enquanto capacidade de satisfazer as necessidades do presente sem comprometer as futuras gerações de satisfazerem suas próprias necessidades.
Em Rondônia, vários elementos marcaram os focos migratórios: Os dois grandes ciclos da borracha no final do séc. XIX e início do séc. XX; a linha telegráfica Rondon; a estrada de ferro Madeira Mamoré; a construção da BR 364, acelerou a migração para a região Norte, comentou Ir. Carolina de França, coordenadora da Pastoral dos migrantes.
A história desta diocese se confunde com a própria história da cidade de Ji-Paraná marcada pela migração desde os nordestinos, expulsos pela seca, o grande fluxo migratório dos anos 1980/1990, o êxodo rural instalado nos últimos anos e a saída de nosso povo para outros países, sempre buscando sonhos, procurando “melhoria de vida”. Uns se vão, outros já retornam. Nesse vai e vem, defendemos sempre a vida, pois ela deve prevalecer sempre.
A coordenadora da Pastoral, Ir. Carolina de França destacou que no Coletivo de formação também foi constatado o aumento da população em todo perímetro da diocese e no estado de Rondônia, o crescimento da violência, dos acidentes de trânsitos, do desemprego, do desrespeito aos valores humanos, das novas configurações de famílias e do êxodo da juventude do campo para a cidade.
Atualmente vive-se uma nova fase migratória no Estado provocado pela construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, bem como das usinas da Cana e álcool existentes na região de Rolim de Moura, São Felipe e Santa Luzia.
Processo esse das hidrelétricas, danosas para comunidades sem território reconhecido e regularizado, como é o caso dos ribeirinhos do rio Madeira, os indígenas, quilombolas, reservas extrativistas e áreas de conservação ambiental, todos estão sendo afetadas pela consolidação de um modelo econômico voltado para exportação e agronegócio. Diante desse quadro o deslocamento compulsório dessas populações é inevitável, provocando ruptura dos laços sociais, culturais e religiosos que vinculam essas comunidades aos seus territórios, em vista de uma modernização que não respeita a vida e degrada o meio ambiente.
Pela equipe,
Ir. Carolina de França/ SPM Ji-paraná

terça-feira, 29 de março de 2011

Morre Padre José Comblin



Morre Padre José Comblin
Domingo, 27 de março de 2011 - 19h53min

Faleceu hoje, domingo, 27 de março, Padre José Comblin. O CEBI expressa sua gratidão pela trajetória deste profeta, cuja vida foi dedicada à causa dos empobrecidos e da Igreja Popular.
Transcrevemos abaixo a notícia postada no site do IHU.
José Comblin morreu nesta madrugada, em Salvador, na Bahia, aos 88 anos.
Ele nasceu no dia 22 de março de 1923, na Bélgica. Desde 1958 trabalhava no Brasil, especialmente em Pernambuco, na Paraíba e na Bahia.
Padre Comblin estava em tratamento médico na capital baiana. Foi encontrado morto, sentado, em seu quarto, quando era esperado para a oração da manhã e não apareceu na capela. Ele tinha problemas cardíacos e usava marcapasso. Apesar da doença, parecia bem disposto e estava trabalhando.
Ele veio para o Brasil em 1958, atendendo a apelo do papa Pio XII, que no documento Fidei domum (O Dom da Fé) pedia missionários voluntários para regiões com falta de sacerdotes.
Depois de trabalhar em Campinas e, em seguida, passar uma temporada no Chile, foi para Pernambuco, em 1964, quando d. Helder Câmara foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife. Perseguido pelo regime militar, foi detido e deportado, em 1972, ao desembarcar no aeroporto de volta de uma viagem à Europa.
José Comblin participou do primeiro grupo da Teologia da Libertação. Esteve na raiz das equipes de formação de seminaristas no campo em Pernambuco e na Paraíba (1969), do seminário rural de Talca, no Chile (1978) e, depois, na Paraíba, em Serra Redonda (1981). Estas iniciativas deram origem à chamada Teologia da enxada.
Além disso, esteve na origem da criação dos Missionários do Campo (1981), das Missionárias do Meio Popular (1986), dos Missionários formados em Juazeiro da Bahia (1989), na Paraíba (1994) e em Tocantins (1997).
É autor de inúmeros livros, dentre eles A ideologia da segurança nacional: o poder militar na América Latina (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978)

Notícia extraída no site do CEBI. cebi@cebi.org.br

domingo, 27 de março de 2011

Assembléia Diocesana


21ªASSEMBLÉIA DIOCESANA – Diocese de Ji-Paraná
Uma igreja discípula, profética e missionária, sinal do Cristo vivo e libertador”.

Aconteceu neste mês de março, nos dias 04, 05 e 06, no Centro Diocesano de Formação, a 21ª Assembléia Diocesana de Pastoral da Diocese de Ji-Paraná cujo objetivo era rever as Diretrizes Diocesanas fundamentadas na opção preferencial pelos pobres, através da promoção da dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando na construção de uma sociedade justa e solidária. Essa revisão foi feita a partir do estudo realizado nas Paróquias da diocese para traçar rumos atualizados de evangelização nos próximos anos.

Como marco referencial da assembléia tivemos uma análise eclesial conduzida pelo Pe. Renato levando-nos a uma percepção mais profunda das características da igreja que temos hoje e que tipo de agente eu sou nessa igreja. Foi possível vislumbrar nossos diferentes rostos, cada um com sua identidade, vindos de muitos lugares. Queremos confirmar nossa opção por uma igreja profética, libertadora e missionária, pois a missão é a alma da Igreja. Uma igreja que valoriza a pessoa, a comunidade e a sociedade, os três eixos que norteiam as DGAE - Diretrizes Gerais de Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, e foram esses mesmos elementos que a assembléia defendeu para as linhas de ação da Igreja de Ji-Paraná.

Convém também destacar que na assembléia foi acenado o aumento da população em todo perímetro da diocese, bem como no estado de Rondônia, o aumento da violência, dos acidentes de trânsitos, do desemprego, do desrespeito aos valores humanos, as novas configurações de famílias, e também os novos fluxos migratórios no Estado provocado pela construção das usinas de Santo Antonio, Jirau e das usinas da Cana e álcool existentes na região de Rolim de Moura, São Felipe e Santa Luzia.
Destacam-se também o crescente êxodo rural, principalmente da juventude em busca de melhores condições de vida, trabalho, estudos.

A história desta diocese se confunde com a própria história da cidade de Ji-Paraná marcada pela migração desde os nordestinos, expulsos pela seca, o grande fluxo migratório dos anos 1980/1990, o êxodo rural instalado nos últimos anos e a saída de nosso povo para outros países, sempre buscando sonhos, procurando “melhoria de vida”. Uns se vão, outros já retornam. Nesse vai e vem, defendemos sempre a vida, pois ela deve prevalecer sempre.

Pela equipe,
Ir. Carolina de França/ SPM Ji-paraná

quinta-feira, 10 de março de 2011

Acre “despeja” refugiados em RO

No último domingo, dia 06, o vilhenense Júlio Olivar, superintendente de Turismo de Rondônia, comandou uma operação humanitária que assistiu uma leva de haitianos que desembarcaram em Rondônia, vindos do Acre. 

Segundo relatos de pessoas que acompanharam a operação, o superintendente teria sido orientado a acompanhar a chegada dos estrangeiros, que estariam na portaria da usina hidrelétrica de Jirau, em construção na localidade de Jacy Paraná, a 90 quilômetros de Porto Velho. No local, Olivar e assessores que o acompanhavam teriam sido informados de que realmente, um grupo de 29 imigrantes teriam pernoitado por lá, mas no dia seguinte, já alimentados e tendo dormido em acomodações providenciadas pela empresa construtora da usina, foram mandados para a Capital. 

Ainda no canteiro de obras, Júlio recebeu a informação de que uma outra comitiva de haitianos estaria no distrito de Mutum Paraná e rumou para lá, encontrando o grupo na rodoviária da pequena localidade. Com a ajuda de intérpretes, o vilhenense providenciou junto à construtora Camargo Corrêa, refeições para a caravana.

As condições dos estrangeiros, segundo testemunhas, eram degradantes. Muitos estavam há dois dias sem comer e havia mulheres grávidas e crianças entre eles. Mas todos demonstraram gratidão pela acolhida e chegaram a lavar o local utilizado para o consumo das refeições. A polícia, que acompanhava a abordagem, não precisou usar a força, pois a atitude de colaboração dos haitianos facilitou a revista a que eles tiveram que ser submetidos. 

As autoridades rondonienses constataram que o grupo de refugiados, cujo país foi arrasado por um terremoto no ano passado, estavam em situação legal no país e não portavam armas ou drogas. A documentação permitindo a entrada deles no país foi emitida pelo Governo do Acre, que também os teria orientado sobre a facilidade de conseguir emprego nas usinas do rio Madeira. Alguns deles chegaram a revelar que as autoridades acreanas, que custearam o transporte até as obras das hidrelétricas, os teria deixado, em pleno domingo, no meio do nada, com mulheres e crianças pequenas. 

A situação do grupo agora terá que ser resolvida pelo Ministério das Relações Exteriores, que já foi comunicado sobre a situação. O senador Valdir Raupp (PMDB) também recebeu um relatório sobre o caso e prometeu cobrar do Itamaraty uma solução para o problema.
Fonte: Folha do Sul 
Autor: Dimas Ferreira

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Haitianos no Amazonas

(COMUNICADO DE MANAUS)
Estimado padre Alfredo e coirmãos,
Falar de migrantes em Manaus neste momento é falar dos haitianos. Eles ganharam certa visibilidade dentro da cidade. Eles são vistos andando pela cidade à procura de empregos, são percebidos, sobretudo, em São Geraldo, São Raimundo, Terra Nova, Manoa e em outros lugares onde eles estão de parada.
A chegada dos haitianos a Manaus iniciou em fevereiro do ano passado. Dos que chegaram até junho 2010, praticamente ninguém permaneceu em Manaus, passaram por Manaus. Muitos tinham o sonho dos Estados Unidos, da Europa (quem sabe, via a Guiana Francesa). Saíram em silêncio e não se sabe que rumo tomaram.
Os que chegaram a partir de julho do ano passado falavam que queriam permanecer em Manaus.Sua triagem foi feita no SPM(serviço Pastoral dos Migrantes,) anexo a Igreja dos Remédios pelas Ir,;Missionárias de São Carlos Borromeo- Scalabrinianas. Foram acolhidos um tempo na casa do migrante do Estado, depois, alguns ficaram numa pequena casa de acolhida sob a responsabilidade das irmãs carlistas; para outros foram alugadas algumas casinhas.
Mas o número foi aumentado. Por isso nós reformamos um espaço aqui na paróquia São Geraldo. Foi aberta no mês de agosto. Seria para doze pessoas, mas o número foi sempre superior. A partir do mês de novembro o número cresceu mais ainda, então foi alugado um casarão que chegou a abrigar 36 pessoas, mas as condições de abrigo eram muito precárias. Iniciou-se este ano numa situação bastante crítica, aí o padre Valdecir, um pouco no desespero, pediu a ajuda ao pároco da paróquia São Raimundo. Ele dispunha de um salão, com bateria de banheiros e cozinha. Ele aceitou e explicou o caso aos paroquianos. Então a maioria dos que estavam no casarão foram para a paróquia São Raimundo.
Neste momento a Pastoral do Migrante (liderada pelos padres e irmãs scalabrinianos e leigos), está acolhendo 30 pessoas na São Geraldo, 35 na São Raimundo, 15 em outras duas casas. Para esses fornecemos a alimentação básica – fruto de doações. Além disso, acompanhamos mais uns 40 que estão em pequenas casas alugadas pelos próprios imigrantes que já conseguiram algum trabalho, mas ainda dependem de ajudas para viver.
Além do trabalho de assistência (comida, casa, trabalho), não nos cansamos de interpelar os órgãos públicos, mas os resultados foram poucos. No dia 9 de fevereiro, estivemos reunidos com o Arcebispo Dom Luiz, com a primeira dama do Estado e três representantes da Ação Social. Estamos esperando algo deste encontro. Hoje devo visitar o comando do exército.
Enquanto isso os haitianos ocupam espaço nos meios de comunicação, jornais e televisão (‘Funasa examinou haitianos, diz Época’; ‘Haitianos são examinados’; ‘FVS chega a Tabatinga para enfrentar cólera’; PF evita imigração ilegal: Ministério da Justiça quer conter imigração desenfreada – quem entrar sem visto será deportado’). Como o número dos que estão em Tabatinga é bastante elevado – fala-se de uns 300, e como o Amazonas vive um surto muito grande dengue, teme-se também pela chegada do cólera (via haitianos). O que mais nos assusta é o futuro próximo. Primeiro: o que vai acontecer com imigrantes que não receberão mais o Protocolo de Refugiados e que a polícia federal está barrando, tanto em Tabatinga, como em Brasiléia (Acre). Segundo o que fazer com os que nos próximos dias chegarão a Manaus. Hoje está prevista a chegada de 35. Por isso a polícia federal está começando a negar o visto de entrada (até agora eles recebiam um Protocolo de pedintes de refúgio). Fala-se de deportação para os indocumentados. Vai ser uma situação muito complicada para os haitianos. Dinheiro para voltar eles não têm e estão afunilados dentro da tríplice fronteira Brasil, Peru, Colômbia (cercados pela floresta de todos os lados).
Sempre se falou que Brasília iria tratar com carinho a imigração haitiana. O governo sempre disse que era ‘mui amigo’ dos haitianos. Muito se falou de um ‘visto humanitário’ para eles. Agora o discurso prático é fechar as fronteiras, barrar! Fala-se de invasão de haitianos – eles não são nem mil no Brasil! Vamos ver o que vai acontecer nos próximos meses. Sentimo-nos, porém, atores dentro desta história toda.
Um abraço
Manaus, 18 de fevereiro de 2011.
Pela comunidade de Manaus, Pe. Gelmino.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ocupação de Ariquemes

Um filme que será lançado em Ariquemes com previsão para o mês de Março, Linhas e Travessões, do diretor Rafael Vargas, retrata a realidade migratório nas décadas de 70 e 80 para esta região, sua ocupação e as problemáticas vividas pela população daqueles tempos que vieram para essa região com o objetivo de povoá-lo a fim de integrá-lo ao resto do Brasil. Este filme retrata a realidade da ocupação de  Ariquemes.
Veja o trailler:


Mais informações no site Ariquemes On Line.