domingo, 21 de fevereiro de 2010

Pastoral prioritário para a Igreja

Publicadas as conclusões do Congresso Mundial da Pastoral dos Migrantes e Itinerantes

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- “Para a Igreja, a migração é um assunto pastoral prioritário”, indica o documento final do VI Congresso Mundial da Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, divulgado no dia 12 de fevereiro. O Congresso, que teve como tema “Uma resposta pastoral ao fenômeno migratório na era da globalização. Cinco anos depois da instrução Erga migrantes caritas Christi”, foi realizado no Vaticano, de 9 a 12 de novembro de 2009.
O documento destaca que “a Igreja pode ajudar os migrantes a manterem sua fé e sua cultura e, ao mesmo tempo, a fazerem que o país de acolhimento se abra à cultura do país de origem dos migrantes, reunindo as comunidades migrantes e locais”.
“A solidariedade é o primeiro passo rumo à partilha dos valores religiosos entre as comunidades locais e migrantes”, indica.
“Isso poderia levar à evangelização ou ao renascimento da fé daqueles que se secularizaram – acrescenta. A migração é também uma oportunidade ecumênica importante.”
O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes reuniu 320 delegados, procedentes de 81 países de todos os continentes.
Entre eles, encontravam-se cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, além de delegados fraternos do Conselho Ecumênico das Igrejas, do Patriarcado Ecumênico, da Comunhão Anglicana e da Federação Luterana Mundial, assim como especialistas, acadêmicos e enviados de organizações internacionais, movimentos eclesiais e associações.
Todos eles qualificaram a migração como um sinal dos tempos que afeta profundamente as sociedades atuais.
Por isso, os participantes advertiram que, no futuro, “serão necessários novos instrumentos e estratégias para enfrentar as necessidades e situações ligadas ao fenômeno migratório”.
O espírito da encíclica de Bento XVI, Caritas in veritate, esteve muito presente no congresso.
Assim, por exemplo, o documento afirma que, “em um mundo tão marcado por novos sinais de medo e falta de hospitalidade, a centralidade da pessoa humana e da sua dignidade, com seus correspondentes direitos e deveres, adquire uma importância cada vez maior”.
Em algumas intervenções do Congresso, manifestou-se “a importância de que a Igreja colabore com os Estados, assim como com as organizações internacionais e nacionais, no esforço para proteger os direitos dos migrantes, refugiados e itinerantes”.
Os participantes também foram recebidos em audiência pelo Papa, quem, em seu discurso, afirmou que a migração é uma oportunidade para destacar a unidade da família humana.
Por isso, explicou Bento XVI, a Igreja convida os fiéis a abrirem seus corações aos migrantes e às suas famílias, sabendo que não são somente um “problema”, mas constituem um “recurso”.
O documento final do congresso, datado de 18 de janeiro de 2010, indica a “profunda necessidade de uma visão universal das relações internacionais”.
Comenta também que, “levando em conta as numerosas transformações da sociedade e os imensos desafios gerados pela mobilidade humana, a Igreja não tem outra opção a não ser agir, considerando seus esforços diretamente relacionados com a proclamação do Reino de Deus”.
Cinco anos depois da publicação da instrução Erga migrantes caritas Christi, os congressistas consideraram que este documento “deu um novo impulso e direção à elaboração de respostas adequadas a este fenômeno mundial”.
“Este documento apresenta uma linguagem teológica nova e supõe um marco, especialmente no que se refere à ‘categorização’ dos migrantes, ao mesmo tempo em que contribui para uma nova e maior conscientização da necessidade de incentivar a pastoral dos migrantes no âmbito local, nacional, internacional, continental e universal.”
Também valorizou-se sua contribuição para motivar o diálogo e a corresponsabilidade entre as igrejas de origem, de trânsito e de destino.
Os participantes do congresso destacaram que o documento foi bem recebido, ainda que também mereça “ter uma difusão mais generalizada, a fim de poder ser útil, inclusive no campo político, influenciando as políticas migratórias”.
No âmbito internacional, o congresso recolheu a recomendação de que a Igreja continue promovendo o conceito de uma “autoridade política mundial” que se ocupe das questões de migração e que, portanto, contribua eficazmente para os processos que estão sendo realizados neste sentido.
O documento final recolhe 21 recomendações para promover a pastoral dos migrantes e itinerantes na ação da Igreja no campo da migração e em relação com os jovens migrantes, com a vida comunitária e com diversas formas de colaboração, com outras igrejas e comunidades e com as autoridades e a sociedade civil.

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