sexta-feira, 30 de abril de 2010

Brasiguaios

A prefeita de Itaquiraí (MS), Sandra Cassone (PT), pode decretar situação de emergência no município depois que cerca de 1.500 brasiguaios (brasileiros que moram no Paraguai) acamparam na BR-163, entre Itaquiraí e Naviraí, a 390 quilômetros de Campo Grande. Eles dizem ter sido expulsos do Paraguai.

Em Pedro Juan Caballero, as lojas mantêm seguranças fortemente armados, informa reportagem do enviado especial Gustavo Hennemann, publicada nesta sexta-feira pela Folha (íntegradisponível para assinantes UOL e do jornal).

Tire suas dúvidas sobre a crise de segurança no Paraguai

Segundo a prefeita de Itaquiraí, a estrutura da cidade, de 22 mil habitantes, não comporta a chegada dos novos moradores, brasileiros que dizem ter sido expulsos do país vizinho por policiais, milicianos e camponeses.

Os brasiguaios começaram a chegar há aproximadamente três meses. Eles disseram que as terras compradas por eles estavam sendo invadidas por paraguaios, insatisfeitos com a presença brasileira na região.

Delcio Nees, 35, foi um dos primeiros a deixar sua fazenda paraguaia, em Mariscal Francisco Solano López, no departamento de Caaguazú. "A polícia chega, bate nos brasileiros, depois os camponeses invadem, roubam nossos animais, queimam a gente com cigarro."

Estado de exceção

O Paraguai vive uma crise de segurança desde sábado, quando o governo decretou estado de exceção em cinco departamentos (Estado) do norte para combater um grupo chamado EPP que, conforme especialistas, não possui nem cem integrantes. Em meio ao regime especial, o senador Robert Acevedo sofreu um atentado em Pedro Juan Caballero que resultou na morte do motorista e do guarda-costas dele e na prisão de dois brasileiros.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Convite


SERVIÇO PASTORAL DOS MIGRANTES
REGIONAL NORTE

CONVITE

A Pastoral dos Migrantes presente em Ji-Paraná CONVIDA para Audiência Pública nesta quinta feira, dia 29 de Abril de 2010 as 14h:00 na Câmara Municipal de Jí-Paraná para tratar da Erradicação do Trabalho Escravo no Estado, principalmente tratando dos maus tratos que recebem os migrantes na história de Rondônia.
Em ocasião deste evento, apresentamos três textos produzidos para a nossa reflexão.
Escravo: Nem Pensar!

Ir. Ana Paula Rocha-mscs
Coordenadora Regional

Trabalho escravo: resistência dos migrantes

A super exploração do trabalho é identificada à escravidão. Assim vivem os milhares de migrantes nos mais diferentes lugares do Brasil e do mundo. Escondidos nos barracos das cidades, sonham com o mundo ausente que ficou na terra da gente. Consideram o lugar de trabalho como não-lugar, estranho, diferente.

Leia mais...

Décadas de Precarização do Trabalho

FRANCINETE& LUIZ A história do trabalho em Rondônia tem se caracterizado pela mão-de-obra temporária que tem se transformado em verdadeiras marionetes do capital. Os exemplos ocorrem concretamente no auge da borracha, com a descoberta da exploração do ouro e da cassiterita, com os empreendimentos faraônicos (a linha telegráfica de Rondon e a Madeira-Mamoré). Esta ultima registra a memória de 1.552 trabalhadores que morreram. Os trabalhadores enfrentam a exploração da mão de obra, vivendo em regime de semi-escravidão e no pesadelo de muitas doenças.

Trabalho escravo - Quem escraviza?


Quem são os escravos contemporâneos? Como conceituar o escravo no Brasil?Quem escraviza além dos fazendeiros e dos gatos? Esses e outros questionamentos levantados no artigo "Trabalho escravo - quem escraviza?" escrito por Ana Paula F. Rocha - MSCS. Veja o artigo na íntegra.


domingo, 25 de abril de 2010

NOVA CAÇA ÀS BRUXAS?

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Os Estados Unidos voltam à carga na tentativa de criminalização dos imigrantes. Começou com o Estado que está na fronteira com o México, por onde milhares de imigrantes tentam anualmente um futuro mais promissor nos EUA. A governadora do Arizona, Jan Brewer, aprovou uma lei de “tolerância zero” com os estrangeiros ilegais. A nova legislação confere à polícia o direito de parar e exigir de qualquer pessoa os documentos que comprovem sua legalidade ou não no país, além de prisão sem mandado.

Trata-se da “lei mais severa de anti-imigração dos EUA, que torna crime estadual a presença de um imigrante ilegal no Estado e permite à polícia comum checar o status legam da pessoa sobre quem paire ‘dúvida razoável’” (Cfr. Andréa Murta, Folha de São Paulo, 24/04/10, pág. A14). A quem caberia o atarefa de interpretar a expressão “dúvida razoável”, tão porosa e permeável a indefinições? À própria polícia? Não é difícil prever o que isso significa em termos de insegurança para os estrangeiros. O próprio presidente Barack Obama manifestou preocupação com a atitude da governadora, temendo que o mesmo tratamento se estenda a outros estados do país.

Convém não esquecer que a Diretiva de Retorno, aprovada pelo Parlamento Europeu em agosto de 2008 e que deverá entrar em vigor em julho de 2010, permite igualmente prender e deportar todo e qualquer imigrante ilegal dos diferentes países do velho continente. Está declarada uma nova “caça às bruxas”! Depois do atentado ao Word Trade Center, na cidade de New York, em 11 de setembro de 2001, os imigrantes tem sido duplamente criminalizados: como “bodes expiatórios”, responsáveis por inúmeros distúrbios sócio-políticos e, não raro, confundidos com representantes do narcotráfico e do crime organizado em escala mundial. Quem o diga a proliferação de grupos neonazistas e neofacistas na Alemanha, França, Reino Unido, África do Sul, Estados Unidos, entre outros.

O mundo rico procura rechaçar o direito de ir e vir, garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Fecha-se e isola-se em suas fortalezas e em suas finanças construídas, em grande parte, com as riquezas historicamente saqueadas dos países colonizados. Reforçam a rigidez de suas leis, ao mesmo tempo que vão erguendo muros visíveis e invisíveis. Temem perder privilégios ou dividir o conforto com outros povos e pessoas. Exigem padrão de vida responsável e sustentável com os recursos limitados do planeta, desde que para os outros!

Mas, em menor grau, o mesmo tratamento se reproduz no caso dos africanos, asiáticos e latino-americanos que, de forma irregular, tentam melhores condições de vida em cidades do Terceiro Mundo, tais como São Paulo, Manaus, Porto Alegre, Buenos Aires, Santiago do Chile, entre outras. A xenofobia não tem fronteiras. E a linha que divide Primeiro e Terceiro Mundo passa, hoje em dia, pelo interior de cada país. Talvez, como pretendem alguns, seja mais indicado falar de “países de maioria rica”, de um lado, e “países de maioria pobre”, de outro.

Cabem três rápidas observações. Primeiro, os países centrais ou as capitais dos países periféricos parecem não reconhecer que os imigrantes são em boa medida a garantia de seu conforto, enquanto constituem a mão-de-obra dos serviços mais sujos, pesados e mal remunerados. A situação irregular torna-os vulneráveis a todo tipo de exploração, sejam em termos trabalhistas, seja em termos sexuais. A alcunha de “clandestinos” vai acompanhada com o estigma do preconceito e da discriminação.

Em segundo lugar, o mundo desenvolvido tampouco parece reconhecer o sangue novo e o oxigênio primaveril que milhares de jovens provindos de regiões e países periféricos injetam nas veias de organismos muitas vezes envelhecidos, cansados e debilitados. São forças vivas que penetram em sociedades muitas vezes ameaçadas pela decrepitude, o ocaso ou a aproximação do outono. O Documento de Aparecida, por exemplo, chama a atenção para a esperança renovada que pode significar a chegada dos imigrantes a uma nova região ou país. Se, por uma parte, se apresentam como “problema” para a polícia e para as autoridades aduaneiras, por outra, constituem uma “oportunidade” para a Igreja. Oportunidade de encontro, confronto e enriquecimento no contato de culturas e povos. Neste sentido o texto afirma que “os migrantes que partem de nossas comunidades podem oferecer valiosa contribuição missionária às comunidades que os acolhem” (Cfr. DA, nºs 411-416).

Por fim, os filhos dos países ou regiões desenvolvidas parecem ainda esquecer que, em séculos passados, milhões de seus habitantes construíram o próprio futuro migrando para as regiões ou países subdesenvolvidos, às vezes colonizados ou recém independentes. Por que negar a outros imigrantes o caminho que os fez ascender e progredir na vida? Aqui vale o critério de uma dupla reciprocidade. Se é verdade que os imigrantes mais antigos ajudaram a construir sociedade mais consistentes, também é certo que os emigrantes de hoje podem contribuir positivamente para um sadio rejuvenescimento dos pólos centrais. Por outro lado, se atualmente inúmeros jovens ou trabalhadores buscam novos horizontes através da migração é por que, no passado, seus avós e tataravôs fizeram o mesmo. Os jovens refazem inversamente o trajeto de seus ancestrais. Uma vez mais, por que barrar-lhes essa mesma oportunidade?

Concluímos voltando à preocupação do presidente dos Estados Unidos. Cresce a necessidade de uma revisão das leis migratórias em nível local, nacional e internacional, uma das promessas de sua campanha eleitoral Uma revisão que tenha em seu horizonte uma cidadania universal, vinculada ao trabalho, à contribuição e aos sonhos que cada povo e cultura podem oferecer às demais.

Participação na 3ª Etapa do Coletivo de Formação –São Paulo -SP

Representantes do Regional Norte esteve participando da 3ª Etapa do Coletivo de Formação, este ocorreu, na casa de encontros Madre Cabrini, em São Paulo, de 09 a 11 de abril de 2010, com a presença de 55 pessoas, representantes de diversas equipes do SPM em âmbito nacional. Da Regional Norte estiveram presentes: Ir.Rosa Maria e Safira Gaspar (Manaus); Sales (Porto Velho); Leonardo (Ariquemes) e Ir.Ana Paula (Ji-Paraná).

A mística do encontro partiu da riqueza cultural do Vale do Jequitinhonha-MG e da realidade da migração para o corte da cana. Passou pelas diferentes realidades dos migrantes que vivem nas cidades e dos imigrantes que vivem no Brasil.

Os temas desenvolvidos neste coletivo tiveram como objetivo apresentar temáticas que envolvesse os três setores do SPM.

  • Setor Temporários: Desenvolvimento Sustentável e Solidário

Facilitador Arivaldo José Sezyshta, equipe da Paraíba. Desenvolvimento Sustentável e Solidário implica numa mudança de paradigma. Representa uma nova mentalidade que nasce das bases e aponta para um Brasil diferente. Tal proposta faz crítica ao sistema capitalista, por sua característica essencialmente predatória. Mas ainda é uma bandeira em construção. Porém é também uma proposta em disputa, na medida em que as empresas já reivindicam para si o papel de produzir tal desenvolvimento sustentável. Por isso, é preciso sistematizar as experiências de base, ampliando sua visibilidade e força política para contrapor discursos dirigidos para confundir o povo. O Desenvolvimento Sustentável e Solidário não deve ser entendido desde uma visão meramente economicista: há o aspecto político, cultural, ambiental.

  • Setor Urbano: Cidades –“Práticas solidárias no mundo Urbano”(texto

de Padre Alfredo) – Facilitadora: Professora Janete Romano –Goiás. Em continuação, Pablo Fernandez, doutorando da IESA/UFG, fez uma interessante contribuição com o tema “As imagens dos imigrantes nas metrópolis: Nova Yorque e São Paulo”. Segundo ele, a metrópole é vivida pelo migrante como lugar de encontro e desencontro. Os migrantes deixam marca na cidade, através da invenção do mundo e de si mesmos. Observou, também, que o Relatório da ONU PNUD, salvo outras colocações, pecou ao ver a migração como problema. TV e educação estão “emburrecendo” a população. É tempo de refletir e debater a complexidade do urbano, antes de um agir precipitado.

Ainda na parte da tarde, o prof. Orley, de Goiás, fez uma interessante exposição sobre juventude, a partir de sua experiência na área da educação. Acentuou a importância de resgatar a corporeidade, pois eu “sou meu corpo”. É através dele que ocupo o espaço. Mas hoje a maioria jovem está sem espaço. Hoje existem “juventudes” e não apenas juventude. Como as diferentes juventudes migrantes tem vivido os desenraizamentos e os re-enraizamentos?

  • Setor Imigrante: “Cidadania Universal” - Facilitador: José Carlos Alves

Pereira (Carlinhos), trata do tema a partir do texto de Rossana Rocha Reis. Carlinhos mostrou, a partir dos casos do Vale do Jequitinhanha-MG, como a migração internacional está diretamente vinculada à migração interna. A partir das entrevistas feitas com migrantes e familiares, falou da “indústria da migração” que funciona via agenciadores e, inclusive utilizando laços de solidariedade dos migrantes. A construção do conceito de cidadania teve longa trajetória histórica. Hoje a luta é por “cidadania universal”, não apenas nas relações inter-fronteiriça, mas em relação a um novo modelo de desenvolvimento. Hoje o déficit democrático é imenso e supõe diálogo entre os diferentes e o Estado.

sábado, 24 de abril de 2010

Pela liberdade, muito mais do que tardia


Em Campos, audiência pública sobre trabalho escravo revela inaptidão e omissão de autoridades. Presentes em massa, trabalhadores se entusiasmam com resultado.

Leandro Uchoas*

Elas bem que tentaram. As usinas sucroalcooleiras de Campos dos Goytacazes coagiram os trabalhadores a não comparecer à audiência pública da última sexta-feira (16), sobre trabalho escravo, convocada pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (Alerj). A cortadores de cana acostumados a trabalhar na clandestinidade, prometeram atender a seu sonho maior: carteira assinada. Não adiantou. Embora tenham desmobilizado boa parte do contingente inicial, mais de 300 trabalhadores lotaram a Câmara de Vereadores, onde se deu a audiência, presidida pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) – fato raro na cidade, recordista brasileira em casos de escravidão no campo. Com as cadeiras completamente tomadas de gente simples, em busca de direitos básicos garantidos por lei há mais de cem anos, as intervenções foram marcadas pelas denúncias veementes dos ativistas locais, e pelo notório despreparo das autoridades .

“Nós estamos aqui para afirmar, quantas vezes for necessário: nós não aceitamos a prática do trabalho escravo no Brasil”, disse o padre Geraldo Lima, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em 2009, pela primeira vez o Sudeste foi recordista em incidências de trabalho escravo. Dos 4.234 trabalhadores libertados após auditorias do poder público, 1.524 o foram na região – 36% do total, contra 10% em 2008. Todos os casos do Estado do Rio de Janeiro ocorreram na cidade de Campos. A participação do setor sucroalcooleiro nos casos de trabalho escravo no país passou de 11%, em 2003, para 50%, em 2009. Campos chegou, assim, ao primeiro lugar no tenebroso ranking do trabalho escravo no Brasil.

“Nessa audiência, vamos falar o que está engasgado há sete anos”, disse Carolina Abreu, a “Carol”, principal liderança do Comitê de Erradicação do Trabalho Escravo, existente desde 2003. “O trabalhador corta cana sem saber quanto vai ganhar. Nenhum intelectual jamais imaginou esse nível de expropriação. O J. Pessoa (dono de uma rede de usinas) traz gente do Nordeste, prometendo salários que chegam a R$ 1.200,00. Chegando aqui, o trabalhador não completa nem um salário, come comida estragada, fica em alojamentos precários”, acusou. Carol também denunciou o fechamento de doze escolas públicas no meio rural da cidade.

Duas intervenções de trabalhadores desempregados emocionaram a plateia. P.C. trabalhou no corte de cana por 32 anos, até 2007. Com a falência da Usina Santa Cruz, onde trabalhava, perdeu o emprego e até hoje não recebeu o dinheiro da rescisão e de boa parte dos salários. Quando P.C. chorou, um silêncio tomou conta da plateia, emocionada. Como ele, outros três mil trabalhadores estão desempregados na região, quase 30% do total de cortadores. A intervenção seguinte repetiu a história, o drama e o choro. Na região, não é comum os trabalhadores se apresentarem para falar, temerosos de não conseguir emprego, ou de ser assassinados.

Muitas autoridades não estiveram presentes. Algumas alegaram não poder comparecer por conta do adiamento da audiência pública – marcada inicialmente para acontecer uma semana antes, foi cancelada por conta das fortes chuvas no Rio de Janeiro, que comprometeram as agendas dos organizadores. Entretanto, houve autoridades que sequer justificaram. Outras enviaram integrantes de menor expressão na hierarquia dos órgãos, como o representante do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Ronaldo Cole, que chegou a admitir não saber o que estava fazendo ali. “Queria lamentar a ausência das autoridades do Executivo e do Legislativo locais. Esta não é a casa do povo? No dia em que o povo ganha voz, eles não vêm”, protestou o professor Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).

Entre as autoridades presentes, as intervenções revelavam desconhecimento do funcionamento do Estado. O auditor fiscal José Antônio confundiu Grupo Móvel com Conatrae (Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo). Em geral, alegaram dificuldade de cumprir sua função no combate ao problema devido à falta de estrutura dos órgãos onde trabalham. “Desculpem, mas isso é inaceitável. Temos que dialogar com o Ministério do Trabalho, em Brasília, sobre essa estrutura. Isso não pode continuar assim. Dessa forma os fazendeiros e usineiros agradecem a tamanha desestrutura” disse Marcelo Freixo. Os integrantes do Comitê confirmaram a falta de estrutura dos órgãos, mas denunciaram a falta de vontade política dos administradores.

Os participantes decidiram formar um Grupo de Trabalho (GT) para acompanhar as decisões e os próximos passos. O GT será formado pelas entidades: Comitê, Inea, delegacias, Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJ, e pelos Ministérios Públicos do Trabalho (MPT), Federal (MPF) e Estadual (MPE), entre outros. Também se decidiu fazer um dos seminários regionais de revisão do Plano de Direitos Humanos em Campos, para priorizar a reflexão sobre o trabalho escravo. Será marcada uma audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília. Um ofício será enviado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário exigindo que as terras onde ocorrem crime trabalhista ou ambiental sejam desapropriadas e destinadas para Reforma Agrária, como consta na Constituição Federal.

Também se reivindica que as terras das Usinas com divídas trabalhistas sejam confiscadas para o pagamento dos direitos trabalhistas. As entidades presentes também aprovaram a participação na Campanha pela aprovação da PEC 438, projeto de emenda constitucional que define a expropriação das terras onde ocorrer trabalho escravo. A Campanha esta recolhendo um abaixo-assinado para ser entregue na Câmara dos Deputados Federais no dia 13 de maio. Os trabalhadores se entusiasmaram com as ações planejadas.

A imprensa local não estava presente, bem como a mídia comercial – com exceção da Rede Globo. A emissora entrevistou ao vivo Marcelo Freixo. “Quem tem trabalho escravo comete crime. Eu não tenho que negociar com criminoso. Lugar de escravocrata não é na fazenda, é na cadeia”, disse Freixo, ao ser questionado pela repórter se havia dialogado com os donos das usinas. O SBT e o jornal local Folha da Manhã chegaram a contatar a assessoria de imprensa, mas não compareceram. Os organizadores desconfiam de eventual pressão das usinas sobre a imprensa. Houve boatos de que telefonemas foram feitos para o Ministério Público tentando, sem sucesso, demovê-lo da intenção de participar.

Com 432 mil habitantes, Campos é a cidade mais populosa do interior do Estado, e a de maior extensão territorial. É também a sexta cidade mais rica do país, o que impressiona qualquer novo visitante. Na entrada da cidade há uma sequência de barracos paupérrimos enfileirados. A maioria dos bairros é suja, feia e pobre. O orçamento do município, de R$ 1,4 bilhão (mais de 70% oriundos de royalties de petróleo), daria R$ 3,2 mil a cada habitante se fosse dividido de forma equânime. É o berço da organização de extrema-direita católica Tradição Família e Propriedade (TFP), e última cidade do país a acatar a Lei Áurea.

* matéria originalmente escrita para o Brasil de Fato

quarta-feira, 21 de abril de 2010

1º Coletivo de Formação de 2010 - Regional Norte


A coordenação da Pastoral dos Migrantes esteve reunida em 18 de Abril de 2010 para a realização do I Coletivo de Formação anual, com o objetivo de capacitar lideranças em preparação da Semana do Migrante que acontecerá dos dias 13 a 20 de Junho do corrente ano. Marcos Gross, coordenador da Pastoral dos Migrantes - Paróquia São Sebastião, acolheu os presentes e apresentou a pauta do dia. Em seguida, Ir. Edilene, missionária scalabriniana, conduziu o momento de mística a partir do Evangelho em que Jesus se aproxima dos discípulos e diz: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” (Jo, 21,1-19).
Renata Nóbrega - Pesquisadora do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia e colaboradora da Pastoral dos Migrantes/Ji-Paraná apresentou um relato sobre a organização da Pastoral dos Migrantes Nacional e na Diocese de Ji-Paraná, bem como, os eixos prioritários das ações da Pastoral dos Migrantes em Jí-Paraná:
Urbanização;
Migrantes internacionais: os que estão no exterior, às famílias que têm parentes no exterior e os que já retornaram;
Temporários (trabalhadores da cana-de-açúcar, construção civil);
Campanha de Erradicação do Trabalho Escravo.
Ir. Ana Paula Rocha-missionária Scalabriniana e coordenadora da Pastoral dos Migrantes do Regional Norte conduziu a temática da Semana do Migrante: “Por uma economia a serviço da vida”. A proposta do estudo foi uma construção coletiva do Texto Base da Semana do Migrante/2010 a partir dos seguintes textos: Economia, Migração e Vida (Pe.Alfredo Gonçalves) e Migrante: mercadoria e sujeito?(Ivo Poletto). A partir da leitura dos textos, os grupos apresentaram a idéia: principal, provocativa e propositiva.
Ir. Lucilene Carolina de França, missionária scalabriniana também responsável pela pastoral dos migrantes em Ji-Paraná e Marcos Gross encaminharam as propostas das atividades a serem desenvolvidas na Semana do Migrante:Audiência Pública,Celebração do Migrante nas Paróquias que compõe o regional da Diocese de ji-Paraná e Noite Cultural, formando as equipes que animarão as equipes.
Para o mês de abril e maio segue as responsabilidades da Equipe:





29 de Abril-Audiência Pública sobre trabalho escravo- 14:00 Horas- Câmara Municipal;
1 de Maio- Reunião Grito dos Excluídos, Assembléia popular- 9 horas-Centro de Formação Pe. Romano.
23 de Maio – Coletivo de Formação Paróquia N.Sra. de Fátima-Ji-Paraná.


Ji-Paraná, 19 de Abril de 2010.